quinta-feira, 17 de junho de 2010

Maria, Co-redentora da Humanidade - 16/06/2010 - 15:10

Maria, Co-redentora da Humanidade - 16/06/2010 - 15:10

A reflexão sobre o papel de Maria na obra salvífica da humanidade oferece sempre não só um alerta para a verdadeira devoção a ela, ou seja, a valorização dos sofrimentos inevitáveis a este exílio terreno, como também por suscitar profundo agradecimento por ter ela cooperado no processo redentor. Se aos pés da Cruz grande foi o seu martírio, não menor sua amargura ao se deparar com Jesus a caminho do Calvário, dado que pela vez primeira ela contemplou um Filho ensangüentado, insultado, objeto de todo tipo de violência. Neste local ambos se mergulharam num pélago de indescritível angústia. Foi uma cena de uma dramaticidade tal que palavras humanas mal a podem retratar. Eis por que só com as luzes do Alto poderá nossa inteligência penetrar na profundidade do significado de tamanho padecer. Este martírio foi ocasionado por uma extraordinária dileção mútua, Cumpre captar todos os detalhes deste acontecimento para acolher lições que devem marcar nosso caminhar rumo a uma felicidade perene que custou tanto sacrifício a Cristo e a sua Mãe Santíssima. Muitos aspectos devem merecer nossa reflexão, dois pontos fundamentais para uma frutuosa meditação deste fato marcante na vida de dois personagens que se sacrificaram para nos abrirem as portas do paraíso perdido. Pilatos, o governador romano da Judéia, havia reconhecido a inocência de Jesus. Ouviu de perto suas palavras e detidamente O interrogou, como nos relatam os Evangelistas. Nenhuma testemunha havia apresentado uma acusação séria e fundamentada contra Ele. Não havia dúvida: aquele que se dizia o Messias, o Filho de Deus, era inteiramente inocente. Pilatos, porém, era um homem fraco e somente interessado em estar bem com o povo e, sobretudo, com as autoridades romanas. Temia covardemente que se sublevasse contra ele aquela turba audaz, excitada por um ódio gratuito contra Cristo, movida que era pelos fariseus e sacerdotes do Templo, invejosos da popularidade do meigo Rabi da Galiléia. Pilatos então fraquejou. Decidiu, sob pressão, condenar Jesus à morte ignominiosa de cruz. Tremenda humilhação para o Filho de Deus, o bem-amado do Pai! Era costume romano que o acusado devia ouvir sua sentença de morte. Cumpria ao Juiz ler a mesma de um lugar alto e com voz forte para que toda a multidão a escutasse. Assim procedeu Pilatos com a consciência em frangalhos, mas com olhares de desdém para aquele povo insensato. Olhou pela última vez para Jesus que se mantinha calado e já todo desfigurado pelos maus tratos recebidos na crudelíssima flagelação. Ali estava o Cordeiro de Deus que tiraria os pecados dos homens, manso e sereno, hirto e majestoso apesar de tantos sofrimentos físicos. Cristo aguardou, deste modo, a injusta sentença. Terrível o drama interior de Pilatos, pois sabia que estava condenando um inocente à mais trágicas das mortes. Ao ouvir a publicação da condenação de Jesus, aquele povo desvairado, lançou aos ares um satânico grito de alegria. Sorriam os fariseus que haviam amotinado a multidão contra Cristo. Este havia denunciado a hipocrisia daqueles que chamara de “sepulcros caiados” (Mt 23,27) e enfrentara os detentores do poder que tinham deturpado a mensagem de Deus e professavam uma religião exterior, mas, interiormente, eram víboras vorazes, instrumentalizando as coisas divinas em proveito próprio e vivendo longe dos planos de Iawheh. Fizeram-se, imediamente, presentes o Centurião romano e os demais soldados que deveriam vigiar o famoso réu até o momento de sua morte. Com a pesada cruz às costas Jesus rumou para o Calvário, chagado, ensangüentado, vilipendiado. Uma mentalidade regida pela lógica mundana quer sempre contemplar triunfos que deslumbrem a vista, mas jamais é capaz de repelir as injustiças ou de ir fundo no significado do sofrimento. Jesus havia dito a Pilatos que o seu Reino não é deste mundo (Jo 18,36). Todos aqueles que se acham apegados aos bens efêmeros e transitórios desta terra não podem aceitar um Deus coberto de opróbrios, carregando uma cruz, ultrajado. Muitos O querem enquadrar nos seus estreitos moldes mentais ou O desejariam como um poderoso monarca terreno, como os judeus daquela época. É preciso penetrar fundo no mistério do sofrimento redentor e no papel que os desafios da vida têm nos planos de Deus para cada um dos seguidores do Salvador. É necessário reter o ensinamento do Mestre: “Se alguém quer ser meu discípulo que renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Eis, outrossim, o apelo da Senhora das Dores. * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.

Última Alteração: 15:10:00
Fonte: Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho
Local:Mariana (MG)
Inserida por: Administrador


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