JOÃO, MENSAGEIRO DE UMA TRISTE NOTÍCIA. - 17/06/2010 - 13:03Côn. José Geraldo Vidigal de Carvalho*
Muitos indagam como Maria ficou sabendo que Jesus estava a caminho do Calvário. Bem sabemos que o coração materno tem percepções extraordinárias. Ânimo aturdido, semblante entristecido, Maria, certamente, já havia percebido, numa intuição própria do amor de mãe, que fatos alarmantes estavam ocorrendo com seu querido Jesus. Eis, porém, que João vem até ela e a coloca a par de todos os detalhes. Maria estava já sendo consolada pelas santas mulheres que lhe faziam companhia desde a prisão do Redentor no Horto das Oliveiras. Ao entrar João em sua casa, ela estremeceu de dor, pois a fisionomia do apóstolo já indicava que lances horrípilos estavam envolvendo seu Filho amado. Ela saiu então ao seu encalço, mas O vai encontrar reduzido a um frangalho humano! Ao se aproximar da Rua da Amargura ela escutou as frases ímpias com que proclamavam Jesus impostor, falso profeta, inimigo do povo. Parte de dor o seu coração, mas jamais ela poderia imaginar o estado a que haviam reduzido seu Filho querido. Passam os soldados romanos; os verdugos que se revezavam nos maus tratos ao divino condenado; os fariseus que estão atentos para que não se lhes deixem escapar aquele homem, pois O almejam cravado na cruz até terrível morte! Ao perceber que Jesus se aproxima, Maria se avizinha ainda mais do ululante cortejo. Jesus contemplou a Mãe dolorosa, Maria se estremeceu ante o Filho retalhado de feridas! Naqueles olhares que se cruzavam a compreensão amara do Mistério da Redenção! Um mar profundo de aflição não bastaria para submergir aqueles dois corações, mais fortes, porém, que angústia tão intensa. Como foi possível a esta mãe ter fortaleza para presenciar quadro tão horrendo? Todo a carga da consternação mais intensa precipitou-se sobre a Mãe Dolorosa. A espada de dor que ela vislumbrara um dia no Templo de Jerusalém mediante a profecia de Semeão alanceou sua alma, imersa na mais total consternação. Cúmulo de pesares! No mais alto grau a aflição se apossou daquela Senhora atribulada! Atingiu o auge seu sofrimento! Era o máximo de desgosto que a um ser humano era dado suportar. Jesus por sua vez viu seu sofrer aumentar diante do padecimento daquela aflitíssima Mulher. Ele que, entretanto, nunca recusara a consolação aos afligidos e que sempre se antecipara às súplicas dos desgraçados não vai, enquanto homem, contra os planos eternos,que quis incorporar Maria na obra salvadora, e nada podia fazer para aliviar os padeceres de sua dileta mãe! Ela, por sua vez, não tinha como minorar as dores de seu Jesus, pois os verdugos brutalmente a impedem de se aproximar do Filho querido. Ela entendeu então que as Escrituras deveriam ser realizadas integralmente e só lhe restava repetir sua adesão à vontade divina. Num paradoxo celestial, num oceano de penas, a presença da mãe, não obstante, confortava o Filho. A presença dele, apesar de todo seu sofrimento, foi, mesmo assim, um lenitivo para a Mãe das Dores, pois ainda que houvesse um aumentar de padecer mútuo à vista de tanto suplício, ânimo se lhes advém por saber que a vontade do Pai está sendo cumprida.
Mais do que nunca Maria foi a Virgem fiel que não se rebelou contra o seu Deus nem perante cena tão chocante!
Que exemplo magnífico para todos os cristãos! Muitos, ante as menores amarguras, se põem a clamar contra o céu e chamam Deus a seu tribunal
recriminando a sabedoria divina! Não vivem o que rezam na oração que Jesus nos ensinou: “Seja feita a vossa vontade”! * Professor no Seminário de
Mariana durante 40 anos.
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